No último domingo, estreou nos Estados Unidos a quinta temporada de “Dexter”. Foi a volta da série – no Brasil exibida pelo canal FX, de forma vergonhosamente atrasada – depois de um final explodidor de cabeça do quarto ano, do tipo de ter que procurar o coração embaixo do sofá depois de terminar de assistir. É sem dúvida um dos textos mais brilhantes da televisão atual, e o emocionante episódio de domingo promete muito para o restante dessa temporada.
Até então desconhecia a série de livros do escritor Jeff Lindsay, 58 anos, que começou com “Dexter: A Mão Esquerda de Deus” (Darkly Dreaming Dexter), e em 2010 ganhou seu quinto volume, “Dexter is Delicious”, ainda não lançado no Brasil.
O primeiro livro foi publicado por Lindsay em 2004, e logo em 2006 já foi adaptado para TV pelo canal a cabo Showtime. Curiosamente, apenas a primeira temporada da série segue a narrativa do livro, todas as outras mantém o universo e personagens, mas se desenvolveram de forma paralela ao que Jeff Lindsay continuou escrevendo.
Obviamente, Lindsay já foi perguntado centenas de vezes como ele imaginou a história de um serial killer que pudesse ser admirado pelos leitores (e espectadores). Segundo ele, tudo começou quando foi fazer uma palestra para um grupo de executivos em um clube em Miami, com o sugestivo tema: A importância da arte.
Então, começou a observar esses homens de negócios sorrindo, falando alto de boca cheia, trocando cartões, dando parabéns e se exibindo uns aos outros, e pensou: “Assassinatos em série não precisam ser sempre algo ruim…”. Anotou em guardanapos tudo o que pensou, e voltou pra casa com esses rascunhos que já formavam o conceito básico de “Darkly Dreaming Dexter”.
Sua ideia principal: E se houvesse um motivo que pudesse justificar, tecnicamente, um assassinato?
Dexter (na TV interpretado de forma monumental por Michael C Hall) era um psicopata comum na adolescência. Sentia necessidade de matar, sem remorso. Uma vontade que aumentava, e que o fazia sentir falta quando não realizada. Então seu pai lhe ensinou um código de conduta, em que Dexter só deve matar aqueles que merecem morrer.
Para Lindsay, esse é o segredo do sucesso. Por mais que a história capture o vazio de um psicopata, que não consegue se relacionar verdadeiramente com ninguem, ela coloca o leitor/espectador em xeque. É certo ou errado tirar a vida de alguém que tirou outras vidas?
A série seguiu um caminho bem diferente dos livros. Na TV, Dexter começa a experimentar sentimentos desconhecidos, algo nunca abordado nos livros, onde sua personalidade se mantém crua e sombria. Lindsay diz compreender isso, já que são mídias diferentes, com suas próprias necessidades.
Outra questão frequente que Lindsay responde, é se ele ficou rico por causa da série de TV. Sua resposta é não, mas que o programa ajudou e está ajudando a vender mais livros, criando novos interessados em sua obra literária.
Quando se fala em “Dexter”, uma característica que nunca pode ser esquecida é a sua premiada abertura. A qual o Art Of The Title desconstruiu em uma entrevista com Eric Anderson, diretor criativo da Digital Kitchen.
Abaixo, um “por trás dos bastidores” dessa quinta temporada. Obviamente, se você nunca assistiu “Dexter” não aperte o play. São 3 minutos e meio de spoilers irreparáveis.
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